Pesquisadores na Índia documentaram pela primeira vez rituais funerários realizados por elefantes, nos quais os filhotes falecidos são cuidadosamente sepultados pelos membros do grupo, sendo colocados de cabeça para baixo em drenos de irrigação de plantações e posteriormente cobertos com terra.
Este comportamento foi registrado em um estudo publicado no Journal of Threatened Taxa em 26 de fevereiro deste ano, descrevendo cinco casos de enterros de filhotes ocorridos entre 2022 e 2023 nas planícies fluviais do leste do Himalaia, no norte de Bengala Ocidental.
Durante esses rituais, os elefantes demonstram uma notável organização, transportando os filhotes falecidos pela tromba ou pelas pernas por longas distâncias – em alguns casos, por mais de 48 horas – para sepultá-los em drenos encontrados em plantações.
Esses drenos, comumente localizados em plantações de chá, podem ter profundidades que chegam a até 65 cm.
Segundo os pesquisadores, os elefantes selecionam essas plantações intencionalmente devido à impossibilidade de enterrar as carcaças nas aldeias, onde há grande interferência humana, e também por não conseguirem fazê-lo dentro da floresta, onde não existem trincheiras pré-construídas para esse fim, pois reconhecem sua limitação em cavar grandes buracos.
Após o depósito do filhote na vala, os membros da manada cobrem o corpo com terra e nivelam o solo. Em seguida, iniciam os rugidos e trombetas, interpretados como uma expressão de agonia e dor pela perda da cria.ituais funerários
Neste estudo, também foi observado que após os enterros, os elefantes evitam os caminhos por onde passaram com os filhotes – mesmo quando a rota já tinha sido usada regularmente. Esse comportamento pode ser atribuído ao fato de os elefantes associarem o caminho a ‘más lembranças’ ou ‘maus marcos’.
Comportamentos funerários semelhantes foram observados em elefantes africanos da floresta (Loxodonta cyclotis), nos quais companheiros e familiares falecidos são cobertos com ramos e folhas.
No entanto, este novo estudo marca o primeiro registro de enterros de elefantes asiáticos e é o primeiro caso conhecido de elefantes utilizando o solo para esse fim, além de posicionar especificamente o corpo durante o processo.
A posição adotada para enterrar os filhotes, priorizando o enterro da cabeça, visa evitar que carnívoros consumam a carcaça dos filhotes.
Sendo assim, o estudo evidenciou que essas práticas refletem a notável inteligência e sensibilidade desses majestosos animais, que protegem e homenageiam seus filhotes falecidos de maneira única e comovente.
This will move you !! Funeral procession of the weeping elephants carrying dead body of the child elephant. The family just don’t want to leave the baby. pic.twitter.com/KO4s4wCpl0
— Parveen Kaswan, IFS (@ParveenKaswan) June 7, 2019