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Como realmente eram os povos originários das Américas
nov
26
2023
Curiosidades / Por: Camila Naxara ás 23:23

Em 1492, Cristóvão Colombo desembarcou no “novo mundo”, revelando uma América complexa e fascinante, densamente povoada e sofisticada. Ao contrário do que muitos relatos europeus sugeriam, o continente era densamente povoado e abrigava sociedades sofisticadas. Estimativas indicam que entre 40 e 60 milhões de pessoas vivem nas Américas, falando cerca de 1.200 idiomas diferentes agrupados em 120 famílias linguísticas.

Essas sociedades, muitas vezes subestimadas, desenvolveram-se significativamente e moldaram muito do mundo atual; com estruturas sociais quase democráticas, conhecimentos avançados em engenharia e matemática, além de inovações como o milho, uma criação mesoamericana.

Além do milho, a domesticação de plantas, como batata, abacate e tomate, proporcionou uma dieta balanceada aos nativos e evitou fomes prolongadas. Diferentemente do que acontecia na Europa, na mesma época, onde as pessoas chegavam a morrer de fome.

Tela “Triunfo da Morte”, de Pieter Bruegel, “o Velho”, de 1562.

O intercâmbio entre o norte e o sul das Americas também é evidente, visto que o tabaco — planta domesticada na Amazônia — de alguma forma chegou ao Canadá e o cacau — mesoamericano — à América do Sul. Mas, a forma como essas plantas chegaram a localidades tão distantes sem uma rota direta, animais de carga ou caravanas ainda é um mistério.

Apesar das contribuições, o contato com europeus trouxe doenças devastadoras, dizimando povos originários. O choque de dois mundos destruiu estruturas e formas de vida, deixando questões não totalmente respondidas. Nesse sentido, o impacto tornou o acesso a informações sobre as sociedades pré-colombianas mais difícil, mas, as descobertas arqueológicas continuam a revelar novas perspectivas, inclusive sobre os povos da Amazônia.


AMÉRICA DO NORTE

As culturas do Canadá ao México eram mais igualitárias do que a Mesoamérica e a Europa do século 15. A população, estimada em 5 milhões, vivia em comunidades cooperativas.

Eram pequenos grupos, ajudando-se mutuamente e limitando o poder de suas autoridades. Em algumas sociedades, as decisões eram tomadas por consenso e os líderes poderiam ser destituídos pelo povo, ideias que impressionaram os teóricos do iluminismo francês no século 18.

Os Haudenosaunee

As nações indígenas Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga e Seneca, formaram o povo Haudenosaunee (ou Iroquois) que viviam em áreas rurais densamente povoadas. Suas aldeias eram extensas e próximas uma à outra, mas não havia uma capital específica. Entretanto, a proximidade facilitava o acesso a alimentos em uma região sem animais de carga como o cavalo.

Os Haudenosaunee tinham uma confederação governada por um conselho em que homens e mulheres tinham poder de decisão, inclusive sobre as guerras. Posteriormente, esse sistema de governo de consenso impressionou os europeus, que viviam sob monarquias absolutistas em sociedades desiguais.

Atualmente, os Haudenosaunee são a única nação indígena oficialmente reconhecida nos Estados Unidos como um povo originário que influenciou a constituição e a forma de governo americano.

Embora haja pouca semelhança entre o sistema político dos nativos e o atual, o impacto cultural dessas nações indígenas é inegável. Os europeus aprenderam importantes lições com os povos independentes que, não tinham medo de seus governos e riram da ideia de nobreza hereditária.

Culturas mississipianas

As culturas mississipianas, abrangendo o meio-oeste, leste e sudeste dos EUA, chegando até a fronteira com o Canadá, compartilhavam práticas religiosas e visões de mundo. No auge, antes do ano 1400, a sua extensão territorial equiparava-se a da cristandade na Europa.

A culrura mississipiana no seu apogeu, pouco antes do ano 1400, abrangia todo o território indicado em vermelho na imagem.

As cidades mississipianas mais importantes tinham montículos de terra em forma de pirâmide ou plataforma, onde eram construídas casas e templos. Entre elas, Cahokia e Moundville se destacavam. Esses locais eram importantes para a vida social e mística dos mississipianos, com festivais religiosos e sacrifícios em massa.

Antes da chegada dos europeus, Moundville e outras cidades foram abandonadas, tornando-se locais de enterro e peregrinação religiosa e, há duas explicações para isso ter ocorrido. A primeira possibilidade, segundo os descendentes indígenas, é de que as cidades tinham um ciclo de vida e missão. Enquanto a outra possibilidade é a de que abandonaram Moundville devido à estrutura elitista, mantendo apenas as cidades com poder mais compartilhado.

Os povos de Mississipianos eram quase certamente ancestrais da maioria das nações indianas conseguintes, como: Alabama, Apalachee, Caddo, Cherokee, Chickasaw, Choctaw, Muscogee Creek, Guale, Hitchiti, Houma, Kansa, Missouria, Mobilia, Natchez, Osage. , Quapaw, Seminole, Tunica-Biloxi, Yamasee e Yuchi.

Culturas pueblo

Entre o sudoeste dos EUA e o noroeste do México, mais de 20 comunidades compartilhavam cultura e religião, chamadas de “pueblos” (vilarejos) pelos espanhóis.

A cultura pueblo se estendia pelos Estados do Colorado, Arizona, Novo México, Utah e Nevada, nos EUA, até o México, nos Estados de Sonora e Chihuahua.

Algumas comunidades eram tão grandes que foram consideradas “reinos”, por europeus. É o caso de Zuni e Acoma, cidades impressionantes!

Em tempos difíceis, as comunidades migravam e se abrigavam mutuamente, criando uma sociedade multinacional.

Os pueblanos eram agrônomos talentosos, desenvolvendo variedades de milho e tecnologia para para poder cultivá-las em diferentes tipos de solo, garantindo alimentos para o ano todo e reservas para emergências e rituais religiosos.

Contudo, os colonizadores europeus não consideraram a sofisticação da agricultura nativa pois entavam mais interessados em riquezas minerais e almas para catequizar, mesmo não havendo na Europa daquela época uma agricultura tão sofisticada em grande escala.

Os europeus acreditavam que o solo americano era tão fértil que as pessoas só precisavam semear e colher. Mas a realidade era diferente.


MESOAMÉRICA   

Os mesoamericanos viveram em cidades monumentais, organizadas em impérios ou estados independentes. Com cerca de 24 milhões de habitantes, superavam muitas sociedades europeias.

Suas cidades funcionavam melhor do que as europeias, desviando rios, construindo lagos impermeáveis ou cultivando a em balsas flutuantes. Apesar de conhecerem a roda, não foram utilizadas devido aos terrenos irregulares.

Vale ressaltar que os maias foram um dos poucos povos em todo o mundo (e o único nas Américas) que desenvolveram uma escrita de forma independente. Além disso, outros povos da mesoamérica registraram profundo conhecimento em astronomia, matemática e poesia oral.

Império mexica

No final do século 15, o império mexica (ou asteca) atingia o seu auge; com a cidade-estado de Tenochtitlán encabeçando uma poderosa aliança político-militar com as cidades de Texcoco e Tacuba.

A cidade de Tenochtitlán encabeçava o governo de toda a região demarcada, em vermelho, no mapa.

 Com cerca de 250 mil pessoas, Tenochtitlán era a cidade com maior densidade populacional da América, superando Paris em tamanho e, exibindo riqueza e esplendor. As cidades dominadas por Tenochtitlán pagavam a ela tributos.

Tenochtitlán, um triunfo da engenharia, era refinada, com banheiros públicos, palácios e jardins. O sistema hidráulico de Tenochtitlán era sofisticado, evitando inundações e fornecendo água doce.

O império asteca foi dizimado dois anos depois da chegada dos europeus.

 

Depois da conquista, os espanhóis destruíram o sistema hidráulico, resultando em mais inundações e epidemias.

Império tarasco

Os arqui-inimigos dos mexicas são menos conhecidos devido à falta de registros sobre sua sociedade antes do contato com os espanhóis. No entanto, os tarascos pertenciam ao segundo maior Estado da Mesoamérica.

Tzintzuntzan compartilhava o poder da região com outras duas cidades: Pátzcuaro e Ilhuatzio.

Tzintzuntzan, sua capital, com 30 mil habitantes, era parte de um centro de poder formado por três cidades-estado. Ao contrário dos mexicas, o poder tarasco estava menos concentrado em apenas uma cidade.

Tzintzuntzan era uma capital administrativa com um grande centro religioso, com edifícios e pirâmides de estrutura mistas, retangulares e circulares, chamadas de yácatas. Além disso, os tarascos eram metalúrgicos hábeis, pioneiros na organização estatal de remoção e trabalho com metais no oeste do México. Usavam cobre e bronze para criar adornos e ferramentas sofisticadas.

Esboço da tela de Tlaxcala de Manuel de Yañez onde observamos como os espanhóis utilizaram tropas nativas. A imagem fala-nos da campanha nos territórios Tarascanos.

Em meio às negociações com os espanhóis os tarascos conseguiram manter parte de seu poder político após a queda de Tenochtitlán.

Civilização maia

Assim como na Grécia antiga, as cidades eram mais estados independentes, competindo e guerreando entre si, compartilhando cultura, idioma e identidade.

No século 15, as grandes cidades maias com suas pirâmides e monumentos já estavam em decadência. No século 9 o sistema de reis divinos desapareceu, dando lugar a uma administração mais comunal nas cidades maias. E, embora não tenha se transformado em uma democracia, houve maior participação popular nas decisões, rompendo com o controle monárquico.

Antes controladas por reis, as rotas de comércio tornaram-se acessíveis às pessoas com o colapso do sistema nobre, permitindo o influxo de bens de luxo. O fim da era dos reis divinos também foi o fim era dos grandes monumentos e palácios, a arquitetura das cidades maias tornou-se mais modesta, sem reis organizando obras gigantescas.

A escrita maia, independente e hieroglífica, permitia representar todas as palavras do idioma, embora apenas quatro livros tenham sobrevividos às batalhas contra os espanhóis. Os maias eram astronomos notáveis, desenvolveram um sistema de calendários preciso, e possuiam conhecimento matemáticos avançados. Inclusive, foram os maias que “criaram” o número zero.

Livro maia que narra a epopeia dos deuses gêmeos Hunahpú e Ixbalanqué.

Por fim, a falta de unificação governamental conferida à civilização pode ter sido uma vantagem, evitando sua conquista completa; alguns grupos se uniram aos espanhóis, entretanto grande parte da civilização não se unificou aos colonizadores nem as autoridades mexicanas até meados do início do século 20.


AMÉRICA DO SUL

No século 15, a América do Sul abrigava cerca de 25 milhões de pessoas com povos extremamente diferentes.

Os grandes impérios andinos como o chimú e o inca coexistiram com povos do sul que resistiram à conquista espanhola.

As sociedades amazônicas são menos conhecidas, mas estima-se que entre 8 e 10 milhões de pessoas vivam lá, falando cerca de 300 idiomas diferentes. A região também tinha grandes centros políticos e religiosos, conectados por um sistema de estradas.

A floresta amazônica não era virgem, pois os povos indígenas a transformaram a tornarnando mais resistentes a eventos climáticos. Na costa atlântica, havia uma variedade de povos como os tupinambás, guaranis e charrúa, mas o colonialismo apagou muitas evidências de suas vidas pré-colombianas.

Império inca

No final do século 15, o império inca, maior do mundo na época, tinha Cusco como capital, desenhado pelo líder Pachacuti na forma de um puma e no local dos órgãos genitais do puma, ficava Coricancha, o templo do Sol (o Vaticano dos incas).

Os caminhos incas estendiam-se por mais de 23 mil km e, especula-se que ultrapassavam os caminhos do império.

Abrangendo 3 milhões de km² — da região central do Chile até o norte do Equador —, o império era conectado por estradas impressionantes. Além disso, haviam Callancas nas estradas que ligavam as “cidades”, armazenando alimentos e tecidos, para as pessoas que viajavam.

As estradas, com mais de 23 mil km, eram utilizadas para transportar produtos como conchas de espondilo, penas, ayahuasca, folhas de coca, pimenta-aji, cobre e madeiras. O ouro e a prata, usados ​​ritualmente, representavam o sol e a lua, restritos às elites.

Para manter o extenso império, os incas subjugaram povos, estimulando-os a trabalhar na infraestrutura do império. Ademais, era realizado o censo dos recursos locais e de todas as pessoas, segundo idade e gênero, e isto permitia determinar o tributo que cada um tinha que pagar ao Estado (em forma de trabalho).

A economia era baseada no sistema mita, que garantia a segurança durante secas, dividindo recursos em três partes: um terço dos recursos era para o Estado, um terço para a família imperial e um terço para as comunidades.

A administração sofisticada, o soft power e a redistribuição de recursos mantiveram a coesão.

Bibliotecas de quipus em Cusco registravam dados administrativos e linhagens reais. Os quipus, eram cordões feitos de algodão ou lã (de lhama ou de alpaca) que eram usados como uma ferramenta de registro. Esses cordões tinham nós, diferentes texturas e cores, e serviam para comunicar/registrar várias coisas dentro do Império Inca.

Os quipus foram utilizados pelos incas como sistema de escrita.

Os incas moviam e organizavam sociedades, transportando povos e expandindo a fronteira agrícola com terraços de cultivo nas montanhas. Para conseguirem cultivar nas montanhas, construíram plataformas escalonadas nas laterais (como uma arquibancada) e com canais as irrigavam.

Apesar do sucesso, as crises políticas afetaram a sucessão de líderes e culminaram na derrota para os espanhóis.

Império chimú

Até 1470, o império Chimú era poderoso, estendendo-se por 500 km no Peru. Sua capital, Chan Chan, era das maiores cidades das Américas, com 24 km² e cerca de 100 mil habitantes.

A capital, Chan Chan foi quase tão grande quanto Tenochititlán ou até maior; com 24 km² de construção.

Dentro da cidade estavam enormes palácios reais de até 150 hectares. O ouro e a prata representavam a dualidade do mundo, sendo abundantes nesses palácios.

Decorados com motivos marinhos, os edifícios refletiam a conexão mitológica dos chimú com o mar. Apesar dessa identidade marítima, o império investiu intensivamente na terra, construindo um avançado sistema de canais para segurança.

Chan Chan, sua capital, foi construída em um vale artificial, alimentado por canais que trazem água de rios distantes e montanhas.

O império chimú foi pioneiro na metalurgia, democratizando o uso de metais, especialmente cobre e bronze arsênico (liga de cobre e bronze que pode ocorrer naturalmente ou ser produzida). Nas áreas residenciais da capital, foram construídos escritórios de tecelagem, cerâmica e metalurgia, sendo este último um legado chimú.

Faca cerimonial chimú.

 

O império enfraqueceu antes da chegada dos europeus, após conflitos com os incas. Mesmo sendo politicamente poderosos, os chimús perderam para a força militar dos incas, que conquistaram todo o norte da região. Após a conquista, os incas levaram ourives e metalúrgicos chimús para Cusco e aprenderam suas técnicas.

Povos amazônicos

Culturas dos Llanos de Moxos

Na Bolívia, arqueólogos encontraram evidências de uma cultura que desafia o que se pensava sobre os povos da Amazônia até 1492.

Aldeias espalhadas pela região demarcada em vermelho no mapa.

Nesta região havia obras monumentais de terra, como estruturas arquitetônicas dos povos dos Llanos de Moxos. Estes povos são chamados de “cultura casarabe” ou “cultura hidráulica das lomas”.

As lomas eram montículos em forma de pirâmide de até 20 metros, conectadas por canais e aterros, usadas como residências, cemitérios e centros cerimoniais. Na foz do rio Madeira foi encontrada uma rede de 500 lomas, estimando-se 20 mil no total. Essas estruturas marcaram a paisagem para mostrar a hegemonia política e religiosa.

Plataformas elevadas de cultivo indicam práticas agrícolas avançadas. E, na fronteira com o Brasil, os geoglifos revelaram valas defensivas circulares, delimitando as aldeias (áreas com até 240 hectares). Criar essas estruturas exigia muita mão de obra, mostrando que essas sociedades eram mais complexas e populosas do que se imaginava.

A complexidade dessas sociedades benianas evidenciou uma organização social estável. Entretanto, estima-se que a população atual do Beni é de apenas 20% do que foi antes da chegada dos europeus. Apesar disso, o legado dessa cultura pré-colombianas foi um território rico em biodiversidade.

Povo do Xingu

O complexo de Kuhikugu é um dos sítios devastados mais importantes da Amazônia. Foram descobertas 20 aldeias espalhadas por 20 mil km2 no Alto Xingu.

Surpreendentemente organizadas, essas comunidades formaram uma rede conectada por estradas largas, calçadas e trincheiras.

Kuhikugu, com seu centro de 50 hectares, indica urbanismo único. Ao contrário das expectativas das grandes cidades maias, a Amazônia revela um urbanismo incorporando natureza. Pesquisas recentes mostram práticas sofisticadas de agroflorestação, alterando a floresta de maneira planejada.

Representação de Kuhikugu no ano 1400.

Por muitos anos, os pesquisadores assumiram que os povos da Amazônia eram nômades, mas descobertas como Kuhikugu mostram que havia processos de urbanização e administração sofisticados dos recursos. Estradas conectavam toda a bacia amazônica.

Novas escavações mostraram sociedades complexas, densas e condicionantes nas principais bacias amazônicas, provavelmente conectadas por esta rede, mas o colonialismo impactou profundamente essas sociedades antigas.

Aisuaris

Décadas após a chegada dos europeus, os povos isolados na Amazônia central, como os aisuaris, evitaram o contato e assim, doenças e intoxicações. Relatos de padres espanhóis descreviam suas aldeias densamente povoadas, com pelo menos 30 aldeias, às margens do Amazonas, com caminhos amplos e criação de animais.

Arqueólogos recentemente confirmaram esses relatos, encontrando aldeias lineares de até uma milha. Estima-se que, no século 15, os aisuaris poderiam ter até 60 mil pessoas. Sua prática de domesticação de tracajás desafia a ideia de sociedades puramente caçadoras-coletoras. A domesticação de tracajás garantia proteína, mas os aisuaris também separavam uma quantidade desses animais para soltar na natureza, demonstrando boa gestão de recursos.

A gestão eficiente dos recursos naturais aparece na alimentação e no cultivo de castanhas encontradas em sítios arqueológicos. Estruturas como abrigos nas estradas e tráfego comercial confirmam uma rede complexa de comunidades aisuaris. Os aisuaris eram famosos pelo intercâmbio de peixe seco e cerâmica, recebendo adornos de ouro em troca.

No final do século 17, poucas aldeias restavam devido ao declínio populacional após o contato com os europeus e suas doenças.

Cultura santarém

Às margens do Amazonas, a civilização pré-colombiana de Santarém floresceu entre 1200 e 1400, com uma cidade de 400 hectares. Suas peças cerâmicas e adornos, como as muiraquitãs, eram amplamente valorizadas e distribuídas pelo Caribe.

Foram encontrados exemplos únicos de cerâmica e adornos, como vasos, urnas, esculturas antropomórficas e muiraquitãs esculpidas em amazonita. As muiraquitãs aparecem em lendas amazônicas, sendo Santarém seu centro de produção.

Santarém abraçava um “culto de cremação”, mumificando corpos. Posteriormente, as múmias se deterioravam, sendo a cremação a etapa final, com as cinzas bebidas em chá, “bebendo a alma” da pessoa. Essa prática reverenciava a alma, o poder e o status, ademais, as cinzas e resíduos orgânicos também contribuíram para a fertilidade do solo amazônico, criando a famosa “terra preta”, transportadas para locais de cultivo. Basicamente, lixo orgânico transformado em adubo.

Os primeiros europeus a chegar em Santarém, contataram o povo tapajó. Acredita-se que os tapajós podem ter sido descendentes da cultura Santarém. Embora não haja evidências claras, a continuidade cultural entre os povos amazônicos é notável, mantendo símbolos e rituais ao longo dos milênios.

Mapuches

No início dos anos 1540, quando os espanhóis chegaram ao centro-sul da atual Argentina e Chile, encontraram o povo mapuche com uma organização social tão bem estruturada, que nunca conseguiram o conquistar.

Os mapuches resistiram à conquista mais do que qualquer outro povo americano e foram os únicos com quem a Espanha fechou um acordo de paz, garantindo respeito aos limites territoriais.

Antes do contato com os espanhóis, os mapuches já haviam enfrentado os incas, perdendo parte das terras no norte do Chile.

Estimativas indicam entre 1,2 e 1,3 milhões de mapuches. viviam em comunidades confederadas – chamadas de lofs -, unidas ideologicamente e militarmente.

Os chefes militares, denominados toquis, organizavam os lofs quando necessário, para acordos estratégicos. Além disso, táticas de guerrilha, ataques rápidos e mobilidade na guerra  sempre foram trunfos dos mapuches.

Apesar da resistência bem-sucedida até o século 19, os militares chilenos finalmente conquistaram os mapuches. Entretanto, ainda hoje, os descendentes mantêm mobilização política, especialmente no Chile.

 

Além de roubar nosso ouro tentaram apagar nossa história
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