Os burakumin são um grupo étnico japonês que historicamente enfrenta discriminação e é marginalizado na sociedade japonesa.

Frequentemente referidos como uma “casta” ou uma classe social inferior.

A discriminação contra os burakumin tem suas raízes no período feudal do Japão, onde eles eram associados a trabalhos considerados impuros ou contaminados.

Em suma, trabalhos como o processamento de carne, trabalho em curtumes — local onde acontece o tratamento químico do couro cru ou pele animal para ser convertida em couro — e manejo de cadáveres.

Na época do Japão feudal, os burakumin foram segregados e tratados como intocáveis, bem como impuros e contaminados. Eram proibidos de se casar, morar em certas áreas e até mesmo de se misturar com outras pessoas da sociedade japonesa. Basicamente eles eram proibidos de viver.

A discriminação foi reforçada por crenças religiosas. Aos olhos das pessoas espiritualizadas, os burakumin eram considerados impuros devido à natureza do trabalho que desempenhavam. Além disso, eram vistos como seres amaldiçoados.

O sistema de castas, abolido no final do século XIX, não adiantou muito para o burakumin pois a discriminação ainda existe em muitos aspectos da sociedade japonesa.

Eles ainda enfrentam dificuldades no acesso a empregos, educação e habitação. Analogamente, casamentos entre pessoas de famílias burakumin e não burakumin são desaprovados e estigmatizados pela sociedade até hoje.

Entretanto, sem dúvida alguma, um dos principais desafios que os burakumin enfrentam é a discriminação no mercado de trabalho visto que, muitas empresas excluem ou limitam as oportunidades para os candidatos burakumin.

Enquanto aqui no Brasil, algumas empresas pedem o MAPA ASTRAL ou perguntam o signo do entrevistado, no Japão, as empresas reviram a árvore genealógica da família do entrevistado a procura de um burakumin. Como resultado, eles não conseguem empregos estáveis e bem remunerados.

Além disso, há discriminação também na área da educação. Existem relatos de crianças burakumin sendo alvo de bullying nas escolas devido à sua origem familiar.

Quando o assunto é casamento, casais em que um dos parceiros é de origem burakumin enfrentam preconceito e discriminação constantemente. Famílias tradicionais e conservadoras se opõem a esses casamentos, acreditando ser socialmente inaceitável.

Nos últimos anos surgiram organizações e grupos de direitos civis que lutam contra a discriminação e trabalham para promover a igualdade para os burakumin. O governo japonês também tem implementado políticas e leis para combater a discriminação e promover a inclusão social. Mas, infelizmente o preconceito é estrutural.

A quem interessar, existe um filme que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro em 2009. Conta a história de um cara que devido a imprevistos da vida, foi de músicista profissional a agente funerário, ou seja, burakumin e comeu o pão que o diabo amassou. O nome do filme é “A Partida” (Okuribito).