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Reveillon de álcool e sangue #AconteceuComigo
jan
09
2017

aconteceu-comigo1

Oi Gi, vou contar o que aconteceu comigo nessa virada de ano 2016/2017. Foi algo muito macabro e eu gostaria que os leitores do insoonia me ajudassem entender o que o meu tio fez comigo. Podem me chamar de Carlos.

Fui pro RJ passar o natal com esse tio meu, que é solteiro e tem uma boa vida. Ele é dono de seis casas padrão em bairros classe média e vive basicamente do aluguel dessas casas. Ele enriqueceu misteriosamente, fazendo frete com um caminhão velho que ele tinha, de repente comprou mais um e mais um… montou uma pequena frota, comprou casas, vendeu os caminhões e parou de trabalhar, sem contar que quando começou a ganhar dinheiro resolveu viajar sozinho para Gana, dentre tantos lugares para ir.

Eu não conhecia nada no RJ. O tio é malandrão, conhece tudo e só anda no meio de gente rica. Fui de ônibus pro rio e cheguei um dia antes da virada. Subi a rua com o tio e ele disse que ia ter um baquete com uns amigos e que depois íamos para a praia, ele é de religião e ia fazer uns trabalhos pro ano novo, ao menos foi o que entendi, pois na família todos dizem que ele envolvido com ocultismos e essas coisas e que não visita ninguém, sempre com anéis de pedras nos dedos, colares de ouro e sem paradeiro para morar ou conviver com alguém. Aceitei de boa. A casa dele é grande, dois andares com vista e uma hidro encoberta por um muro de vidro fumê no segundo andar, pra relaxar olhando a lua. Tinha uma mesa posta com todo tipo de comida e bebida na sala de jantar, com vela e tudo. Eu não era acost umado com aquilo, no natal e revellion em casa assamos carne de porco numa churrasqueira de rolete e bebemos cerveja até cair…

O tio não tem paradeiro, vive viajando e aluga as casas, inclusive aquela que fui passar a virada com ele. Uma decoração simples com livros grossos na estante, tapetes vermelhos felpudos, muitos espelhos e candelabros com velas espalhados. Jantamos eu e ele. Vi o tio cheirar um pino de pó, mas sempre tive feição por ele e nem dei bola. Ele sorriu para mim e perguntou se eu não queria um tapinha também, eu disse que não. Ele abriu diversas garrafas de bebidas importadas e uísques caríssimos. Bebemos ouvindo música e o tio dizendo que tinha surpresas para mim.
Bebi demais e fui dormir no sofá. Eu bebi muito mesmo com o tio já meio chapado de pó com a camisa aberta até aos três últimos botões fazendo poses em frente ao espelho enquanto aumentava o volume do som. Acordei eram quase seis da tarde e tinha um monte de roupa de mulher pela casa. O tio tinha convidado umas amiguinhas enquanto eu dormia e tinha uma morena gostosa pelada deitada de bunda pra cima no tapete da sala. Levantei meio aéreo e logo me liguei, o tio sempre teve fama de comedor. Subi a escadinha para a porta de vidro fumê e o vi fumando charuto com seus dedos cheios de anéis de ouro, bebendo uísque dentro da hidro com uma loira de rosto angelical, ambos pelados tomando banho e trocando caricias. Ele me piscou o olho e disse pra eu aproveitar a despedida de ano. Voltei pra sala e a morena estava sentada de perna aberta só me olhando, virando vinho entre os peitos. Me perdi naquele corpo por algumas horas.

Já eram nove da noite quando acordei com uma puta dor de cabeça. A rua estava em festa e o tio arrumava novamente aquela mesa enfeitada com carnes em pratos decorados e saladas. O ajudei a arrumar a mesa e perguntei o porquê de tanta comida se éramos só nós os dois e talvez, aquelas garotas que já haviam ido embora. Ele disse que eu era um convidado mais que especial. Não falamos nada um com o outro sobre a festinha de horas atrás, eu sabia que era um segredo nosso e que com aquele cara rico de meia idade o “carpe diem” fazia mais sentido. Um calor sem limite naquela noite, descobri que o RJ é quente de verdade apesar do ar condicionado. Eu só de calção bebia vinho rose em uma taça de cristal e o tio falava com uns amigos pelo telefone. O problema do meu tio é que ele tem resistênc ia para o álcool e eu não. Na hora da janta eu já estava a mil pés do chão. Me sentei num mochinho de três pernas e vi um pessoal chegar de branco. Todos deram um gole comprido numa garrafa de uísque, o tio apontou o dedo para mim, vieram na minha direção e me fizeram beber também.

Eu já estava totalmente aéreo sem entender nada o que falavam comigo. Lembro que dois caras me pegaram pelo braço e me levaram junto para dentro de uma caminhonete. No caminho ouvi o barulho dos fogos o que dava a entender que nos aproximávamos da virada, o tio dirigia e bebia e os que estavam com ele também. Paramos para que eu pudesse vomitar. Balbuciei algo que seria “Aqui-não-é-a-praia” e me vi na beira de um laguinho com aquela mulher que eu transei loucamente horas atrás, com uma roupa vermelha e uma máscara com nariz comprido cobrindo metade do rosto. Haviam animais com ela presos em uma gaiola.

Fui deitado no capim ao lado de velas grandes acesas em volta de todo o meu corpo, havia tinta no capim como se contornasse algum símbolo. Não faço ideia que horas eram mais vi fogos de artifício no céu, acredito estar próximo à praia, mas ali era mato. Enquanto fiquei ali completamente tonto, vi meu tio vestir uma roupa grande e preta e se ajoelhar em frente a mulher de vermelho e receber um beijo dela na testa. Ela veio em minha direção. Eu me liguei que tinha algo de muito errado ali, e tentei levantar cambaleando, eu estava mal de verdade. Colocaram algo na minha bebida, disso tinha certeza. A mulher veio em minha direção com os peitos de fora e um forte perfume doce. Colocou um comprimido em minha boca e me fez engolir.

Aquilo só podia ser um viagra, ou algum estimulante porque eu estava sem reação nenhuma para fazer algo com alguém. Pelo o que ainda lembro, ela subiu em cima de mim enquanto todos de preto se ajoelharam com as mãos no chão ao lado. Ela transou comigo no capim mesmo, enquanto vi aqueles animais sendo colocados sob potes escorrendo sangue pelo meu tio, provavelmente estavam mortos. Senti muito, mas muito calor, e sentia cocegas provocadas pelo suor escorrendo em meu rosto e peito. Ouvi uma voz dizer “tudo vai ficar bem”, falar algo mais que não entendi e que foi repetido pelos outros e então, apaguei de vez.

Acordei na casa do meu tio com o sol à pino. Na hidro repleta de gelo, pétalas de rosas e a água avermelhada como se eu estivesse sujo de sangue. Eu estava nu e senti um forte cheiro de bebida alcoólica curtida esparramada pelo chão e dentro da banheira. Um rastro de sangue vinha da porta de vidro fumê subindo sobre ela como se um balde tivesse sido despejado. Senti uma forte dor na barriga e eu tinha na região do umbigo uma cicatriz em forma de cruz. Minha cabeça latejava como se eu levasse golpes de martelo, cheguei a urrar de dor, foi quando passei a mão na cabeça e vi que tinha sangue sobre ela. Meu coração disparou, pensei até que tinha sido vitima de tráfico de órgãos, meu desespero era tanto que eu nem sabia o que pensar. Pensava em dsts, sequestro, filme de terror, drogas e qual quer coisa possível tentando conectar aos lapsos de memoria que eu tinha. O sangue não era meu, derramaram sangue sobre minha cabeça. Desfiz a imagem de cara legal que eu tinha do meu tio e senti medo do que ele poderia realmente ser e o que fizeram comigo. Me senti sujo.

Levantei pelado mesmo. Chamei pelo tio, mas vi que estava sozinho em casa. Meu coração saltava pela boca. “Porra que merda eu fiz, caralho, quem foi que eu comi”, queria acreditar que era tudo uma brincadeira. Cheguei a cogitar a ideia de ter me drogado com o meu tio, mas disso eu tinha certeza que não, pois nunca experimentei drogas na minha vida. A casa estava escura e vazia. Vi minhas duas mochilas de viagem abertas e com minha roupa intacta, mas úmida e com cheiro de perfume floral como se alguém tivesse derramado alguma coisa ali. Vesti a primeira roupa que vi pela frente. Vasculhei na bolsa e vi minha carteira intacta e meu celular. Eu tinha boa quantia de dinheiro, minha intenção era ficar duas semanas com o tio pra conhecer o RJ, o mar e as badaladas festas cariocas. Tentei ligar para ele, mas o celular estava sem sinal, perguntei para os vizinhos sobre ele e todos disseram que a casa estava vazia a mais de um mês, só uma mulher ia fazer faxina sempre na sexta-feira ao entardecer. Peguei um táxi e fui pra rodoviária. Liguei para meu pai e meu irmão mais velho e disse que deu merda e que uma coisa sinistra tinha acontecido, pedi para eles entrarem em contato com o tio e que eu queria falar com ele.

Para o meu azar, todos queriam saber se eu estava bem porque o tio ligou desesperado para toda a família dizendo que eu tinha ido para uma festa e que sai de lá com uma mulher. Tudo mentira. Eu lembro de ter visto o tio com aquelas roupas e toda aquela feição de um ri-tu-al de sei lá o que…

Cheguei em casa ontem à tardinha, moro no Paraná. Tive que dar mil explicações e responder centenas de mensagens no meu whatss. Fiquei sem saber se contava a verdade, que eu não sei se é verdade ou se concordava com a mentira previamente inventada pelo meu tio que é envolvido com essas coisas sinistras. Mostrei para o meu irmão a cicatriz e dei pra ele cheirar minha roupa que estava com aquele perfume doce. Ele revirou um dos bolsos e tinha um cordão com uma estrela de ponta cabeça. Me benzi e atiramos tudo no fogo. Tive notícias do tio pela tarde, ele estava no aeroporto em RJ e inclusive com fotos de revellion no facebook. Mas eu tinha os recibos de passagens até a cidade dele e a mensagem do whatss dele dizendo que estava indo me buscar, inclusive com data e horário.
Não adianta contar para a família o que eu lembro porque não vão acreditar em mim, não com cem por cento de certeza. Meu pai não queria que eu fosse porque sabe que o tio sempre foi de religião diferente e sempre foi meio sinistro, reservado, rico e cheio de mulheres, e sempre fazendo coisas que o pai e os outros tios se benziam e mudavam de assunto, pois não gostam de falar. Eu sempre gostei dele, ele é meu padrinho de batismo em casa e sempre me mandava presentes caros e ajuda em dinheiro para os gastos com faculdade e tal, apesar de nunca visitar ninguém.

Resolvi contar essa história de forma virtual porque estou me sentindo realmente estranho. De madrugada meu celular tocou e era um número desconhecido. Ouvi aquela voz rouca do meu tio e ele disse que era pra eu ficar tranquilo que com o passar dos anos eu iria entender e que eu era o filho de sangue que ele não teve. Perguntei o que tinha acontecido e se isso tinha a ver com o fato dele ter se afastado da família e ter ficado cada vez mais rico (eu já estava imaginando um monte de coisa). Ele só me disse que era diferente dos irmãos e enquanto vivesse todos estaríamos bem e que eu estava sendo guiado. Ele me pediu segredo, disse que ia depositar uma boa quantia pra quitar minha faculdade e que iria viajar pra longe e quando voltasse iriamos nos ver.

Tentei dormir, mas tive lapsos de memória a noite inteira com vultos de ver meu tio em uma orgia com sangue enquanto eu dormia bêbado no sofá, uma música estranha e o sexo intenso que fiz com aquela mulher no tapete vermelho e lampejos de visões grotescas naquele campo, antes de apagar completamente.

– Carlos.

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Tá amarrado
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