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O dia que a minha mãe chegou mais cedo do trabalho – Aconteceu Comigo
jul
05
2017

Aconteceu ComigoOlá Gi e galera do Insoonia! Acompanho o blog tem uns bons anos e curto muito os casos do Aconteceu Comigo (Yep, introdução clichê de todo mundo), rio muito com essas histórias, e resolvi contar o dia, provavelmente, mais constrangedor da minha vidinha.

Na época eu tinha 18 anos (hoje tento 24) e havia acabado de sair de um emprego muito ruim. Também tinha terminado um relacionamento com um garoto, então estava tranquilo e conhecendo outros garotos. Nesse relacionamento, eu cheguei a me assumir pra minha mãe, mas como eu não tenho jeito afeminado nem nada do tipo, ela não acreditou muito e ficou dizendo que era fase.

Pois bem. Na época eu participava de comunidades gays da minha cidade no finado Orkut. Era engraçado, porque parecia um menu com altas bizarrices (não que os apps de encontro de hoje não pareçam cardápios), mas vez ou outra aparecia alguém maneiro e decente pra trocar uma ideia.

Eis que conheci um rapazinho muito simpático, o Jorge. Ele tinha 16 anos na época (não me julgue, todo mundo fica orgulhoso de pegar alguém mais velho. No caso, o mais velho era eu). Eu tinha acabado de fazer 18 e era um crianção, então não dei atenção pra idade. A gente foi conversando, conversando, se curtindo, e combinamos de sair. Fizemos o rolê clássico, shopping-cinema, ficamos, e decidimos continuar saindo. Mas eu, sem trabalhar, e ele, estudando, não teríamos dinheiro pra sair por aí, então eu propus que ele fosse até minha casa, e ele aceitou.

Eu morava com a minha mãe e minha irmãzinha, que devia ter uns 7, 8 anos na época, e minha cachorrinha, uma pinscher que passa 99% do dia em estado de alerta. A gente morava num condomínio em que cada bloco tinha 3 andares, e morávamos no último. Minha mãe tinha horários mais definidos por conta da escolinha da minha irmã, então geralmente ela saía de casa cedo e só chegava no fim da tarde, e outros dias saia de tarde e chegava já a noite. Eu tinha as manhas, já havia levado outros caras em casa pra coisas sem compromisso. Tranquilo.

E nisso o Jorge foi algumas vezes em casa, a gente transava, jogava videogame, via filme, conversava. Era divertido. Com algum tempo disso, virou namoro.

Eis que chegou o bendito dia em que tudo ia dar merda. E deu merda bonito.

Naquele dia, o Jorge iria pra casa, como sempre, depois da escola, com a desculpa de que ia estudar com amigos. Busquei ele no ponto de ônibus e levei pra casa. A gente se pegou legal aquele dia, levamos mais tempo que de costume e acabamos bem cansados mas com um sorriso no rosto, hahaha. Ficamos lá um tempo, abraçados na minha cama, sem roupa, fazendo piada de alguma coisa e rindo, porque eu sou desses, namoro tem que ter zoeira.

Até que minha cachorra começa a latir. Ela tinha costume de latir quando percebia que minha mãe tinha chegado, e ela já percebia pelo barulho do carro no estacionamento três andares abaixo. É sério, minha cachorra tem uma audição atômica.

Daí já gelei, né. E dale cachorra latindo. Pensei “PUTA QUE PARIU FODEU”, virei pro Jorge e falei “VESTE SUA ROUPA AGORA”. Ele olhou sem entender, eu já tava desenrolando as roupas e jogando as camisinhas embaixo da cama, falei pra ele “MINHA MÃE CHEGOU MAIS CEDO, VESTE A ROUPA!”. O garoto passou de moreno pra branco-sulfite e saiu caçando roupa também.

E dale cachorra latindo, e logo depois o barulho do salto subindo as escadas do andar de baixo, e eu tentando pensar numa desculpa, e Jorge em pânico, e dale cachorra latindo, e o sapato no corredor, e eu tentando subir as calças, e Jorge procurando a cueca ainda, e dale cachorra latindo, e eu tentando me ajeitar, Jorge ainda colocando a roupa, e o barulho da chave girando na porta. AI MEU CORASSAUM!!!

Só não foi pior porquê além da fechadura a porta do apartamento tinha um trinco que não sei por que milagre naquele dia eu fechei. Minha mãe começou a balançar a porta e me chamar. Foi o tempo de eu me ajeitar e o Jorge terminar de colocar a roupa. Ele ficou sentado na cama com cara de desolado, esperando dar merda, e eu fui abrir a porta.

Eu estava em choque. Abri a porta sério sem uma desculpa pra dar. Minha mãe perguntou se estava tudo bem, e por que eu demorei pra abrir a porta, disse que estava no banheiro. Ela foi entrando e deixando as coisas dela no sofá (meu quarto era bem de frente da sala, logo na entrada do apartamento) e disse que havia voltado mais cedo pois não estava se sentindo bem no trabalho. Foi tirando os sapatos e indo pro quarto dela. UFA! Era o que eu precisava! Enquanto ela estivesse no quarto trocando de roupa, dava tempo do Jorge sair escondido e ela nem ia perceber! Estou salvo!

Mas não. A VIDA SEMPRE ENCONTRA UM JEITO DE TE FODER!

Enquanto minha mãe ia tranquilamente pro quarto dela e meu cu ia destrancando do medo de dar merda, eis que minha ilustre irmãzinha passa pela sala e tem a maravilhosa ideia de olhar com aqueles olhos de bago pro meu quarto, e solta a seguinte frase:

– Bruno, quem tá no seu quarto?

MAAAAANOOOO, POR QUEEEEEEE???????????????

Minha mãe voltou na hora, parecia uma aranha subindo a teia de costas, veio de uma vez e viu o Jorge com aquela cara de quem tava quase se cagando de medo, me deu um olhar que me atingiu tão profundamente que até hoje eu tenho cicatriz, pegou a minha irmã pelo braço e trancou no quarto dela pra não ouvir a treta, veio igual um búfalo raivoso logo com um “Ô rapazinho, vem aqui”. Minha mãe é diretora de escola, então é fácil imaginar a cena.

Daí começou o interrogatório, perguntando todos os antepassados do garoto, e eu insistindo que a gente tava só assistindo um filme em casa. Quando ele disse que tinha 16, ela ficou louca, falou que eu corria o risco de ser preso e os caralho a quatro. Só lembro dos vários gritos de “minha casa não é motel”, mais poderoso que um Fus-Ro-Dah. Dai ela me disse pra levar o Jorge pro ponto de ônibus e que quando eu voltasse ela conversava comigo.

Levei o garoto que estava branco e tremendo pro ponto, pedi desculpas, mas não consegui conter a risada. Acho que de nervoso, mas eu tava rachando o bico com a situação. Esperei até que o ônibus dele passasse, pedi desculpas mais uma vez, e fiquei um tempo na rua, reunindo coragem pra voltar pra casa e enfrentar a fúria da minha mãe.

Quando eu chego em casa, la ta minha mãe no telefone, aos prantos, agachada no chão do meu quarto, olhando embaixo da minha cama e falando “Olha só, tem camisinha no chão! Eu não acredito nisso! Minha casa não é motel não! Aiiiiinnnnnnn”. Sim, ELA OLHOU ATÉ EMBAIXO DA CAMA PRA PROVAR QUE EU TINHA TRANSADO. E nesse dia ela ligou pro meu pai, pra minha irmã mais velha, pras minhas tias, pras minhas primas, pro papa, ligou pra todo mundo pra falar que me pegou no pulo com um rapazinho de 16. Ela falava como se precisasse ser consolada, sendo que quem tinha se lascado era eu. No fim a bronca nem foi tão grande, ou a vergonha amorteceu.

Sei que depois disso, cada vez que eu via um parente eles vinham com aquele papo “nós te amamos mesmo assim”. Ou seja, minha mãe me arrancou do armário na força bruta.

Hoje ninguém mais toca no assunto, mas minha mãe sempre solta um “eu sei o que você me fez passar” quando falo de trazer alguém em casa. Ela tem que estar junto, hehehueheu.

Quanto ao Jorge, ficou traumatizado, e ficamos um bom tempo sem se ver. Acabamos terminando depois, por outros motivos, mas ele ainda voltou em casa uma ou duas vezes. Nessas não fomos pegos.

E depois disso, hoje em dia, se a minha cachorra late, eu corro e MUITO! kkkkkkkk

– Bruno

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troco minha irmã por 3 pinscher
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