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Martelo das Bruxas: O 2º livro mais vendido da Europa, atrás apenas da Bíblia, que matou milhares de mulheres no séc XV
maio
19
2021
Curiosidades / Por: Camila Naxara ás 1:17

Já ouviu falar no livro Martelo das Bruxas? O livro que orientou a Igreja a perserguir mulheres por séculos?

E vamos de mais fatos do passado! Aquela leitura marota da madrugada para os insones.

Martelo das Bruxas

Por dois séculos, Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) foi o segundo livro mais vendido na Europa, ficando atrás apenas da Bíblia.

Trata-se de um best-seller escrito por dois monges, Kramer e James, no ano de 1486, que influenciou a igreja e as autoridades, da epoca, a caçarem supostas hereges.

Em 1487, o clérigo Heinrich Kramer, lançou o livro que era nada mais, nada menos, que um guia de caças às bruxas, heresias e afins.

Entenda como tudo aconteceu:


Heinrich Kramer tomou ranço da Igreja

Após várias plantações ficarem destruídas por uma sequência de fortes chuvas de granizo, no ano de 1484, o monge Kramer, conhecido por caçar bruxas, foi chamado por camponeses que acreditavam que o ocorrido só poderia ser obra de feitiçaria.

Kramer, com seu “poder”, que provinha da igreja, fez uma espécie de tribunal para condenar os supostos culpados. Entretanto, ele passou dos limites, além de perguntas íntimas, Kramer torturou oito mulheres e um homem.

Inesperadamente, um Cardeal não concordou com suas atitudes e deixou bem claro que o que ele estava fazendo não era aceito pela igreja e que ele teria que parar com todo aquele circo imediatamente.

Kramer ficou ressentido após o Cardeal dizer que a igreja não o defenderia caso o marido de uma das mulheres resolvesse fazer justiça com as próprias mãos.

E olha… seria tão bom se um dos maridos houvesse de fato feito algo contra esse covarde misógeno.

Mesmo tendo sido repreendido, Kramer ainda assim, perseguiu algumas mulheres do vilarejo, mas foi impedido de praticar suas torturas, mais uma vez, e este foi o estopim para o seu ranço para com a igreja.


Martelo das Bruxas – Best Seller dos infernos

Em 1485, Heinrich Kramer e James Sprenger, deram início a “obra”. Porém, foi Kramer (que teria todos os requisitos para ser um integrante do gabinete do ódio) quem escreveu os detalhes mais sórdidos.

Kremer decidiu que iria escrever a Bíblia da Caça as Bruxas, algo que ninguém pudesse contestar, nem mesmo a igreja. E então colocou o nome de ‘Malleus Maleficarum’ (Martelo das Bruxas).

O livro é dividido em 3 partes, sendo que, a primeira conta o porque de mulheres serem vulneráveis ao mal. Já a segunda fala sobre como mulheres bruxas agem e a terceira parte explica que tipo de punição a mulher deveria receber de acordo com o “mal que não cometeu”


Primeira parte do livro

Primeiramente ele explica como o “mau” se apresenta e seduz as pessoas, principalmente (quase que unicamente) através das mulheres.

Na visão de Kramer, as mulheres possuídas pelo demônio (bruxas) seduzem os demais (com conotação sexual) e assim conseguem exercer poder sobre os mesmos.

Além disso, ele acreditava que Deus havia criado a mulher à partir dos restos do homem, ou seja, eram seres inferiores, o que tornava-as presas fáceis e disseminadoras do mal.


Segunda parte do livro

Na segunda parte, o monge Kramer dá detalhes do que essas mulheres (bruxas) fazem para encantar e seduzir os homens (coitadinhos).

De acordo com Kramer, as mulheres usavam de sua feminilidade e beleza para colocar homens em situações das quais eles não conseguiriam se livrar. Os homens por sua vez, adoraram esta parte.

Em resumo, haviam muitos casos de homens infiéis e à partir do Malleum Maleficarum eles passaram a jogar a culpa toda em cima das mulheres com quem dormiam, dizendo que elas havia os encantado.

Vale ressaltar que além de encantamentos, o padre detalhou que mulheres bruxas poderiam lançar maldições, como chuvas para destruir plantações, doenças, roubar bebês, voar e muitas outras coisas absurdas.


Terceira parte do livro

A terceira parte, sem dúvida alguma é a mais dolorosa. É ela quem carrega as sentenças que a mulher vai receber de acordo com o que ela fez que desagradou o homem.

E quando cito mulher, me refiro a mulheres de toda e qualquer idade, desde crianças, até idosas. As formas de se torturar e matar essas mulheres, eram variadas.

Uma delas era o famoso pêndulo, onde suspendia a mulher pelos braços e puxava os mesmos com muita violência para cima. Além de acrescentar pesos amarrados aos pés no decorrer das horas.

Martelo das Bruxas -  tortura

Essa prática, muito comum, causava o deslocamento dos ombros e o acréscimo de pesos causava o desmembramento do esqueleto.

Muitas das vezes, as mulheres confessavam ser bruxas para cessar a tortura, e então, eram queimadas vivas.


O lançamento do livro

Sinceramente, era pra esse livro ter passado batido, sem surtir efeito algum. Contudo, Kramer conseguiu uma Bula Papal (uma espécie de alvará, concedido pelo Papa), um documento muito poderoso.

Na verdade ele não conseguiu a bula, porém ele tinha muito dinheiro e conhecia muita gente influente do clero. Não deu outra, ele pagou pelo documento e o conseguiu por meios corruptos.

Martelo das Bruxas
Bula Pontifícia ou Bula Papal do Malleus Maleficarum.

Agora, com a bula em mãos, Kramer tinha mais um problema, a impressão do livro.

Para a sua sorte e azar das mulheres, logo depois, surgiu a prensa de Gutenberg e só quem tinha muita grana conseguia pagar por essa impressão. Fora isso, tinha que ser tudo manuscrito mesmo.

Pois o tinhoso foi lá e encomendou 150 mil exemplares e quando ficou pronto, distribuiu em pontos estratégicos, com o intuito de que aquilo se disseminasse muito rápido.


Martelo das Bruxas
Martelo das Bruxas

Consequências do livro

Martelo das Bruxas chegou ao Novo Mundo (hemisfério ocidental) e ficou super famoso. E então, os inquisidores começaram a seguir o livro e não pararam mais.

Centenas de milhares de mulheres morreram e Kramer, finalmente, conseguiu o que queria.

Kramer tinha um poder de persuasão muito grande e mesmo quando era contestado, ele convencia as pessoas de que ele era a “mão de Deus” e que seu livro representava os desígnios do altíssimo.

Outro fator que ajudou a alavancar a procura pelo livro, foi seu conteúdo sexual denso. Tudo isso, numa época em que as pessoas possuíam regras absurdas, até dentro da vida matrimonial.

E adivinha só? Quem fazia as denúncias e julgava as mulheres nos tribunais inquisidores, eram sempre homens.

A voz social era totalmente masculina e o livro caiu como uma luva, afinal de contas o Martelo das Bruxas era totalmente voltado para sugar a lascívia masculina.

Para se ter uma ideia, os homens se viram tão envolvidos e acreditavam tanto no conteúdo do livro que, quando uma mulher lhes despertava desejo, eles de fato acreditavam que haviam sido enfeitiçados e essas mulheres eram condenadas.

Assim foi durante séculos. Muitas mulheres foram condenadas, por exemplo, apenas por serem bonitas.

Vale ressaltar que nos Estados Papais, onde a Igreja era uma autoridade secular, a inquisição tinha poder para executar, como foi o caso do famoso teólogo Giordano Bruno, que foi queimado no ano de 1600, em Roma.

Leia também a história de Giordano Bruno que escrevi em outro site!

Nos demais locais, quem queimava os acusados de bruxaria era o próprio Estado, como exemplo, o governo da Espanha, Portugal e alguns Estados Alemães.


Tribunal Inquisidor
Tribunal Inquisidor.

Antes do lançamento do Martelo das Bruxas, a bruxaria era vista como um crime menor, uma esquisitice folclórica praticada por velhinhas mal orientadas pelos padres.

Após a sua publicação, autoridades católicas e protestantes passaram a usar o livro para julgar e condenar mulheres acusadas de bruxaria, da forma mais brutal possível.

Espero do fundo do meu <3 que esses machos escrotos estejam no colo do capeta.
Espero do fundo do meu <3 que esses machos escrotos estejam no colo do capeta.


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