Se assim como o presidente, você não faz ideia do que o IPHAN representa para nossa história, fique tranquilo, pois hoje você entenderá.
O IPHAN é uma autarquia federal que se encontra vinculada, atualmente, ao Ministério do Turismo.
Ele atua na preservação da nossa história e cultura através dos tempos; expressões artísticas, documentos, objetos, festas populares e parques nacionais, como o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros em Goiás.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é responsável pelo patrimônio material e imaterial do nosso país e tem a função de defender os bens culturais, proporcionando sua existência e usufruto para as gerações presentes e também futuras.
Até aqui, garanto que você já conhece mais sobre a autarquia do que o próprio presidente do Brasil, que, na primeira semana de dezembro, em um evento na Fiesp, afirmou ter demitido a diretora do instituto porque uma loja do Véio da Havan, em construção, foi interditada após ter sido encontrado nas escavações azulejos de valor histórico.
Além disso, p presidente afirmou que não fazia ideia do que é o instituto e perguntou ao ministro da pasta de turismo: “Que trem é esse?”
Que trem é esse?
O “trem” foi criado em 1937, no governo do Getúlio Vargas, com o nome de SPHAN, pois na época era um prestador de serviços não um instituto (por isso o “S” ao invés do “I”, no nome).
Com a industrialização do Brasil, que envolvia muitas demolições de prédios com valor histórico (para dar espaço a prédios modernos e fábricas), surgiu o IPHAN, uma alternativa para que o progresso não apagasse a história e assim pudéssemos construir uma identidade brasileira.
Entretanto, o Instituto só assumiu o modelo que tem hoje no fim da Ditadura Militar. Foi aí que passamos a dar uma atenção especial à diversidade das manifestações culturais do país; obra da Constituição Cidadã, de 1988, que estabeleceu como patrimônio cultural os “modos de criar, fazer, viver”.
Sendo assim, o foco deixou de ser apenas no tombamento de igrejas, fortes e outros edifícios e, se estendeu para um universo muito, muito mais amplo.
Para se ter ideia, há seis línguas indígenas sob a proteção do instituto que também atua na defesa da diversidade linguística.
A titulo de curiosidade sobre nossa diversidade linguística, estima-se que haja mais de 250 línguas (vivas), entre afro-brasileiras, crioulas e imigrantes, além do português.
O IPHAN é uma das mais respeitadas instituições nacionais de patrimônio cultural no mundo, que há décadas construiu uma sólida relação com a UNESCO e outras entidades afins, tais como, o Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) e o Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (ICCROM).
Atual situação do IPHAN
É necessário dizer que documentar, proteger, conservar… bom, envolve dinheiro e é necessário pagar pesquisadores para fazer toda a pesquisa documental e investimento para manter edificações do período colonial e promover o forró, o frevo ou o xote no exterior, por exemplo.
Mas aí surge aquele questionamento: quem é que vai colocar a mão no bolso para preservar nossa história e cultura tão rica, quando existem políticos governando com interesses econômicos voltados somente para os milionários do país?
Temos de exemplo o Ginásio do Ibirapuera (ainda em fase de tombamento), em São Paulo, que se dependesse do governador João Doria, já teria virado duas torres comerciais e um shopping center.
E quando pensamos na esfera federal? Vish… só piora.
O presidente extinguiu o Ministério da Cultura, que antes abrigava o IPHAN, jogando-o nas mãos de Gilson Machado, ministro do turismo — aquele, que fica tocando sanfona nas lives do preside. Ele também é produtor rural, empresário, veterinário e toca na banda Forró da Brucelose.
Agora, coincidentemente (ou não), em 2021, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional teve seu menor orçamento dos últimos DEZ ANOS.
De acordo com a plataforma Siga Brasil, que é vinculada ao Senado, as verbas destinadas para preservar cidades históricas caíram 81% desde o primeiro ano do atual governo.
Por fim, quando questionado sobre precarização do cuidado dos nossos bens culturais e históricos, o sanfoneiro ministro disse estar fazendo a parte dele: Mandou verba para algumas cidades do pais para reformar suas praças. 😐
Agora que você já sabe a importância do IPHAN, que tal entender a importância de se preservar o patrimônio histórico-cultural de um país? Segue o link para leitura.