Um belo dia, estava eu de boa tomando uma cervejinha (numa quarta feira) no boteco, quando encontro com meu amigo Zeca. Ele se sentou para tomar uma comigo e conversa vai conversa vem ele me disse que estava namorando uma garota de Belo Horizonte, que havia conhecido pela net (Orkut na época).
Muito animado com o namoro, o Zeca acabou me convidando para ir visitá-la. Ele não queria ir sozinho e insistiu para eu ir junto. Na hora pensei “oba, BH é tudibão e deve ter altas festinhas”, mas infelizmente a história não foi como eu imaginava.
Na semana que decidimos ir viajar, o Zeca me informou que sua namorada estava numa cidadezinha de Minas, próximo de Ubá, não me lembro mais o nome daquela cidade dos inferno. Como já havia prometido que ia, eu disse tudo bem, mesmo chateado de não estar indo mais para BH. O Zeca não sabia onde ficava esta cidade, e eu também não, mas como somos bons amigos (e quando um se fode arrasta o outro junto), arriscamos.
Depois de tudo certo, pegamos um ônibus numa sexta-feira, logo pela manhã. O maldito havia me dito que eram no máximo 3 horas de viagem, mas acreditem, passamos quase o dia todo dentro do ônibus. Uma viagem super cansativa e entediante.
Depois da longa viagem, finalmente chegamos. A cidade parecia mais uma roça. Só tinha uma rua, uma igreja, um buteco e umas casinhas. Mais nada. Essa hora eu já estava querendo morrer. Nada de “altas festinhas”.
A mina estava esperando a gente na rodoviaria, e o pior vocês não sabem, o Zeca me contou neste momento que só conhecia ela pela internet e que nunca tinha visto-a pessoalmente. Cara, minha vontade era entortar o pescoço dele. O fdp tinha dito que estava namorando…
Respirei fundo e pensei…”Já estamos aqui mesmo, tá no poço agora abraça a Samara” e seguimos em frente. Descemos do ônibus, encontramos com a namoradinha virtual do Zeca, conversamos um pouco e fomos para a cidade procurar um lugar para ficarmos.
Alugamos uma pensão que ficava ao lado da igreja (maldita ideia, acordávamos com o barulho dos sinos arrebentando nossos tímpanos), a pensão tinha apenas um quarto com duas camas de solteiro, o quarto era tão pequeno que se eu virasse para o lado com o braço aberto eu abraçava o Zeca.
Na mesma noite em que chegamos, fomos para o boteco tomar umas. Angustiado com a cidade e o fato de estar segurando vela, acabei exagerando na bebida. Lá pelas 2 da manhã, já embriagado e sentindo que ia vomitar, resolvir ir para a pensão. O Zeca ficou lá no bar com a namorada.
Antes de sair no bar, o Zeca me pediu pra deixar a porta da pensão aberta, para ele poder entrar quando chegasse. Só que eu estava bêbado e passando mal, cheguei na pensão vomitando horrores, pelo quarto todo. Acabei trancando a porta e não ouvi o Zeca gritar quando ele chegou. Resultado, ele só conseguiu entrar na pensão às 8 da manhã, quando o dono chegou para abrir aquela espelunca. kkkkkkkkkk
Na noite seguinte, fomos num baile, sabe aqueles bailes de cidade do interior? Então, esses mesmos…
Curtindo o baile, não avistava nenhuma gatinha, a coisa estava feia, até que uma hora leves dedos encostam em meus ombros e uma voz suave disse:
-Hey gatinho,você está sozinho?
Velho! Velho!! Era a pintura de satanás!!! Ela abriu um sorriso e não tinha os dois atacantes… putz, nem sei como ainda conseguir ser educado, disse a ela que não e que estava alí apenas para curtir, não queria ficar com ninguém (quase não dormi aquela noite pensando “naquilo”). Depois dessa fomos embora.
No dia seguinte, o Zeca não fazia outra coisa a não ser rir da minha desgraça. Filho da mãe, não sabe o arrependimento que eu estava de ter viajado com ele. A sorte é que era o nosso último dia alí. Iríamos embora à noite (era domingo).
Fomos curtir um churrasquinho a tarde. Últimas horas para o Zeca aproveitar com a namorada. O tempo foi passando e beleza, sem preocupação, até que olhei no relógio e disse:
– Caraca Zeca, são 5 horas da tarde, vambora senão a gente vai perder o ônibus.
Saímos correndo como loucos para a pensão, chegando la…surpresaaaaa! O dono da pensão havia saído e ficamos presos do lado de fora, mas por um milagre lembrei que a janela havia ficado aberta, pronto, entramos e fomos arrumar nossas coisas. Uns 5 minutos depois o dono da pensão (que era gay e velho) chegou.
Momento desespero: Fomos verificar quanto de dinheiro tínhamos, e para nosso desespero, não tinha dinheiro para ir embora e nem o suficiente para pagar as 3 diárias do cafôfo. Não sabíamos o que fazer, até que o Zeca resolveu ser cara de pau e pediu dinheiro emprestado para a namorada dele (ela era cheia da grana). Para nossa alegria ela emprestouuuu!!
Muito felizes pegamos nosso ônibus e fomos embora. Quando chegamos em Ubá o cara do guichê informou que só teria ônibus para nossa cidade no dia seguinte, logo pensamos, fudeu!!
Saímos para procurar um hotel que cobrasse no máximo 30 reais (era o que tínhamos para gastar fora a passagem). Já estava ficando tarde e a gente procurou vários hotéis, pousadas, pensões e nada. O dinheiro não dava. Resultado: Ficamos num motel. Um lugar bizarro e tenebroso.
Quando chegamos nesse motel, tinha um povo parado em frente e uma viatura de polícia, achamos meio estranho mas era o que o dinheiro dava para pagar. Fechamos um quarto com duas camas (foi 20 reais) e queríamos TV, o que nos custou mais 5 reais, sobrou 5, compramos um refrigerante de 2 litros.
Quando estávamos subindo as escadas, a policia vinha descendo com um caixão, isso mesmo “um caixão!!”
Vou explicar: Um senhor havia infartado uns minutos antes, ele estava no quarto com uma garota de 40 anos mais jovem (se é que vocês me entendem…)
Ai velho, bateu o desespero, o quarto que pegamos era no mesmo andar do quarto do velho que bateu com as botas.
Chegando no quarto, o quarto era tão ruim que não dava para defecar sem o outro assistir, o banheiro era aberto de frente pras 2 camas, e a televisão não pegava canal nenhum, coisa que o Zeca resolveu em um instante com um garfo, ele amassou um garfo e colocou atrás, aí a globo pegou embaçada e sem cor mas pegou (nós pagamos pela TV, foram 5 Reau!!!!).
Depois de deitado eu pensei: “Pior que tá não fica”, bom, engano meu.
No quarto ao lado uma senhorita nada discreta começou a gemer bem alto, a coisa estava boa alí, e eu, fim de semana todo sem nada, só segurando vela, não conseguia dormir, era barulho de gemidos, cama batendo, socando na parede, estava pegando fogo no quarto do lado.Eu excitado e meu amigo na cama ao lado. Puta merda.
Só consegui dormir às 4 da manhã, quando a putaria do lado acabou. Como sou muito curioso, olhei pela janela para ver se a moça que ia sair era pelo menos bonita, e acredite, saiu a moça e dois caras do quarto (foi um bacanal véi).
Consegui dormir um pouquinho, acordamos e fomos embora. Dalí pra frente nada mais aconteceu (ainda bem) e finalmente cheguei na minha cidade.
Essa foi a história do pior final de semana da minha vida. O Zeca nunca mais viu a mina de BH. Bem, mesmo se quisesse ver, a minha companhia ele nunca mais terá.