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Aprenda de uma vez por todas o que é a “Cultura do Estupro”
jun
26
2022
Curiosidades / Por: Camila Naxara ás 21:42

Há muito tempo as mulheres são alvo de crimes sexuais na escola, na família, no trabalho e até mesmo em consultas e procedimentos médicos. E você conhece o motivo de mesmo havendo legislação que reprime tais delitos, o número de vítimas não diminui?

Consegue imaginar pq ainda existem centenas de mulheres que são estupradas todos os dias?

No Brasil, por exemplo, a cada 8 minutos um estupro é registrado. REGISTRADO.

85% das vítimas são mulheres e em 70% dos casos, a vítima é uma criança, adolescente ou mulheres vulneráveis.

Esses números demonstram o resultado de uma forte “cultura do estupro” ainda existente no Brasil e que ganhou forças nos últimos 4 anos.

Essa tragédia acontece muitas vezes no recanto de seus lares ou em lugares comuns que deveriam protegê-las, mas não o fazem. Consequências de uma infeliz herança machista e patriarcal.

A origem do pensamento machista pratiarcal é evidente desde a antiguidade. Em Roma, a mulher tinha o papel de cuidar e educar os filhos, sendo importante apenas para procriação.

As mulheres não tinham direito algum, eram tratadas como escravas, não podiam votar, não tinham direito de escolha e dependiam 100% dos homens.

Tudo isso devido a crença da superioridade masculina que foi criada, adivinha só? Pelos homens.

Somente a partir da Revolução Francesa, baseada em ideias iluministas, que as mulheres ganharam o direito de votar e começaram a ser tratas como seres humanos.

Por mais que o amadurecimento social já tenha mudado o pensamento antigo, ainda existem homens que insistem em promover e agir como seres superiores, principalmente no Brasil.

É natural o impacto que o termo cultura causa ao estar ligada a palavra estupro, já que cultura nos remete a algo positivo e bom.

Mas a nossa cultura abriga vários comportamentos ruins que foram “naturalizados”, propositalmente, como se fizessem parte da “natureza humana”.

cultura do estupro

Pra quem não sabe, cultura é nada mais que uma repetição de comportamentos que seguem vivos décadas após décadas, mas, que, pasmem, podem ser modificados ao longo do tempo. Bastava o ser humano usar o que ele tem de diferencial entre todas outras espécies do reino animal: o racional. 

A cultura no termo “cultura do estupro” está aí para reforçar que determinados comportamentos não devem ser vistos como naturais, pois, se são culturais, são porque foram criados e se foram criados, podemos mudá-los.

O termo ‘Cultura do estupro’ veio à tona no Brasil em maio de 2016, após uma enorme repercussão diante de um terrível estupro coletivo documentado em vídeo pelos próprios estupradores.

Desde então, ocorreram outros tantos casos e em todos eles temos algo em comum: a culpabilização da vítima.

Seja pela roupa que usava, por estar bêbada, por andar sozinha na rua à noite, por uma foto sensual no instragram ou qualquer outra conduta que a sociedade julga como moralmente condenável. Assim a mulher deixa de ser a vítima e passa a ser culpada pela violência que sofreu.

cultura do estupro

A cultura do estupro, em síntese, significa que a nossa sociedade faz de tudo para culpar as vítimas de crimes sexuais para minimizar o comportamento violento dos homens que praticam tais delitos.

Em recente pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que mais de 1/3 da população brasileira considera que a vítima é culpada pelo estupro ou assédio que sofreu.

A culpabilização da mulher faz parte da nossa sociedade machista, que é liderada por homens, para normalizar seus comportamentos e minimizar a violação sexual contra as mulheres.

Isso fez nascer um ciclo de revitimização que resulta na não punição do assediador, bem como na desmotivação da vítima em denunciar tais crimes.

cultura do estupro

Vale ressaltar que, no código penal, estupro se configura em: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”, ou seja, qualquer ação em que o objetivo do acusado é a sua satisfação sexual, ou seja, não apenas quando há penetração com o uso da força.

Contudo, as mulheres têm levantado suas vozes para falar sobre a violência vivida no cotidiano e que atenta contra sua liberdade sexual. Aos poucos, estão deixando o silêncio de lado e abraçando esta luta contra o machismo que tanto nos faz mal.

É necessário mostrar para a sociedade que não devemos incomodar apenas com os casos brutais de estupro. Vai além. Devemos nos preocupar também com o assédio sofrido diariamente por todas nós.

Esta cultura criada por homens, abrange um grande aspecto comportamental e cultural que subjulga o corpo feminino e cria contexto para a violência.

Tais comportamentos são aceitos ou legitimados pela sociedade e também negligenciados pelas nossas autoridades, sendo em sua maioria homens.

No Brasil, mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras na câmara dos deputados. No Poder Judiciário, uma pesquisa feita pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que apesar do gradual aumento da participação feminina em cortes, a ausência de mulheres observada nos mais de 50 tribunais ao redor do mundo, o Brasil ficou entre os países com menos participação feminina. Apenas 11,1%, diante de 26% da taxa média global.

Ele NãoPara se ter ideia, segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos, a alocação de recursos do Ministério da Mulher, da atual Ministra Damares, prevista para 2022 é de R$ 43,2 milhões, mais de 3x menos do que em 2020, que era de R$ 132,5 milhões.

cultura do estupro


A título de comparação, em 2013 o investimento para a mesma política pública foi de R$ 265 milhões.

Nós, mulheres, precisamos entender a importância da política, para que possamos ter uma sociedade igualitária mais justa e mais segura para todas nós.

A luta pela igualdade de gênero na política não é recente, é fruto do trabalho intenso de mulheres que se dedicaram e se dedicam com afinco pelo direito à representatividade.

Para se ter ideia, “não ser virgem” deixou de ser crime no Brasil em 2002. Imagine só, apenas no início do século XXI é que o Código Civil brasileiro extinguiu o artigo que permitia que um homem solicitasse a anulação do seu casamento caso descobrisse que a esposa não era virgem antes do matrimônio.

Até este momento, a não virgindade feminina era julgada como um crime e uma justificativa aceitável para divórcios.

E foram tantos outros direitos conquistados através de políticas públicas. Como direito de frequentar escola, faculdade, direito ao voto, direito de trabalhar, de ter um cartão de crédito, de praticar esportes, de divorciar, etc.

Hoje as mulheres somam um total de 77.649.569 aptas ao exercício do voto, representando 52,49% do eleitorado brasileiro. Somos maioria e a conscientização é imprescindível para combatermos a cultura do estupro que vem aumentando cada dia mais em nosso país.

Nós merecemos respeito enquanto indivíduo e não somos objetos a serem desejados, onde quer que estejamos. Não somos obrigadas a satisfazer desejos sexuais das quais não compactuamos. Temos nossos próprios desejos e o direito de escolher com quem nos deitamos, que roupa usamos e onde queremos estar.

Já passou da hora da gente se unir e votar contra políticos machistas que perpetuam todo esse machismo patriarcal. Esta luta é de todas nós! Pelas nossas crianças, pelas nossas mães e por todas! Somente a política pode mudar este cenário.

Cultura do estupro

Para encerrar, indico o vídeo abaixo e também o podcast “Abuso – A cultura do estupro no Brasil”, no Spotify.

Fica a dica! 😉

UP:

Mulheres; uni-vos!
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