INSÔÔNIA.com
ACONTECEU COMIGO #71
set
07
2015

aconteceu-comigo1Olá pessoal do insonia,

Primeiro quero parabenizar pelo blog, que acompanho desde muito tempo e acho incrível o trabalho de vocês, mas esse e-mail é pra contar um pouco de uma história amorosa que venho sofrendo há algum tempo, que é praticamente um clichê de novela mexicana. Não sei bem como organiza-la de maneira sucinta e divertida (provavelmente nada de divertido possa ser tirado disso), mas espero que gostem e possam me aconselhar.

Nunca fui um cara muito seguro com mulheres. Quando novo era muito tímido, chegava a ser ridículo chegar em uma garota. Mas vou contar um pouco da primeira por quem me apaixonei e amo até hoje.

Eu tinha 13 anos, era aniversário de 15 anos de uma prima e essa menina entrou na festa vestida de noivinha, segurando uma boneca nas mãos para simbolizar alguma coisa. Era a menina mais gatinha que já havia visto. Aquele dia meu coração bateu de um jeito diferente, mas me faltava muito para ter coragem de pelo menos falar alguma coisa ou tentar chegar mais perto. O destino nos reservava algo.

Tive uma adolescência de muitos amigos, zero dinheiro (R$ 0,000…), poucas meninas, muitas tão feias quanto eu, outras muito mais. Eu era bizarro: Muitas espinhas, cabelo grande de rockeiro, magricelo e pouco assunto agradável pra acrescentar a qualquer conversa.

Minha primeira namorada só veio aos 19 anos e isso depois que comprei meu primeiro carro. Mas com a vida adulta as espinhas se foram, o cabelo ficou melhor, já tinha um emprego, alguns poucos quilos a mais e alguma autoconfiança já surgia para uma vida social bem melhor.

Eu já tinha 23 anos e nunca mais havia visto aquela noivinha de sorriso cheio de aparelhos e pele branquinha. Deu tempo de me apaixonar e me frustrar por muitas outras meninas, mas também foi tempo pra aprender a ter coragem de tomar iniciativa quando sentisse o coração bater forte outra vez.

No dia 22 de dezembro de 2012, um dia após o suposto fim do mundo para o calendário Maia, foi o dia em que a minha vida mudou. Era casamento de um primo meu e eu vi a mulher mais linda que já tinha visto na vida. Sorriso e traços perfeitos. Simpatia que transbordava. Não tinha quem não a olhasse, nem quem tivesse coragem de puxar assunto, mas nesse dia eu tive.

Não pensei para tomar impulso e quando vi já estava de frente conversando com ela na porta da igreja. Ela não prestava a menor atenção nas coisas que eu falava, eu fiquei falando com ela, olhando pra ela e ela só escutando e rindo. Ela era madrinha, se sentou lá na frente e eu nos fundos da igreja, mas eu olhava o tempo todo pra ela e ela as vezes me olhava e ria. Eu não tinha muita noção do que acontecia ali, mas durante a festa puxei assunto de novo. Ela não me dava muita ideia, mas eu fiquei ali perto o tempo todo e tentava arrancar sorrisos e risadas com bobagens que talvez não se deva dizer nessas situações. No final da festa tentei arrancar um beijo e ela me cortou, disse que não podia, saiu de fininho sem se despedir direito e quando vi nem tinha pego celular, nem nada. Droga, eu morava em outra cidade e provavelmente não veria ela tão cedo novamente.

No outro dia já estava em casa e a primeira coisa foi procurar ela no facebook. Ela me aceitou e puxou assunto e só aí que percebi que a menina e a mulher mais lindas que já tinha visto eram a mesma pessoa. Conversamos, conversamos, conversamos… Viajei pra praia com uns amigos no réveillon, mas o tempo todo trocávamos mensagens. Ela queria me namorar e eu não entendia por que uma menina tão perfeitinha queria isso, sem nunca ter nem me beijado, nem me conhecer muito bem. Talvez fosse essa a explicação. Se me conhecesse melhor saberia que ela era demais pra mim.

Voltei da praia e pouco depois tava indo na casa dela pedir em namoro. Não conhecia os pais dela, não conhecia muito bem nem mesmo ela. Eu estava a 200km de casa, às 9 horas da noite, estava eu na porta de estranhos para dizer que queria namorar com a filha deles que só vi duas vezes na vida. Bizarro isso. Quando abriram a porta me deu vontade de fugir e dizer que foi engano, mas pedi licença, entrei. Não pareciam agradar muito da ideia da filha deles namorando e isso criou um clima muito tenso. Fiquei com ela na sala conversando um tempo e ela também não acreditava que eu tinha ido. Eles prepararam um jantar e nesse jantar, bem a moda antiga, eu pedi ela em namoro, com direito a gaguejar e tudo mais. Fui embora e só aí beijei ela, no portão de casa, exatamente 9 anos e 11 meses depois de ter sonhado com isso.

Dormi na casa dos meus tios nesse dia e não acreditava no que tava acontecendo. Não sabia se era fantástico ou assustador. Eu morava em outra cidade, por isso nos víamos a cada dois finais de semana. Foi mais difícil que eu podia imaginar. O pai dela não aprovava o relacionamento. Todo tipo de dificuldade tive que passar para ver ela, mas a gente se gostava e nada diminuía nossa vontade.

Tinham muitas regras que justificavam uma menina tão bonita querer tanto um namorado, mesmo que igual a mim. Não podíamos sair sozinhos, raramente sair acompanhados, só podia ficar com ela em casa quando os pais dela estivessem em casa. Não podíamos andar no mesmo carro sozinhos, não podíamos nos beijar e por aí vai. Mas quebrar cada regra dessa tinha um gostinho incrível, enfrentar cada briga que o pai dela dava, nem tanto.

Ela chegava a apanhar do pai algumas vezes pelos motivos mais bizarros. O pai dela não tinha o menor pudor de brigar com a família na minha frente e em algumas situações brigar comigo mesmo na frente de todos. Mas eu não sou moleque para ouvir desaforos gratuitos e também peitava ele. Ela vivia me pedindo pra fugir com ela, mas eu tinha uma empresa completamente falida, sem menor condição de dar uma vida minimamente digna pra ela e ela tinha uma condição financeira muito boa, fazia medicina em faculdade particular, cartão de crédito ilimitado, etc. Me faltava coragem mais uma vez, mas eu realmente pensava que o melhor pra ela era continuar ali, mesmo que a vida fosse uma bosta naquela família, mas um dia ela se tornaria uma médica, teria um futuro bom e alguma perspectiva de vida melhor que ao lado de um feio e pobre falido.

Tantas dificuldades e o pai dela contra nosso namoro foi dificultando pra gente namorar, e achei melhor dar um tempo. O pai dela me odeia gratuitamente. Choramos muito nesse dia.

Recentemente, vi ela novamente em uma festa, conversei com parentes e amigas dela, menos com ela. Ela não me deu a menor bola. Fiquei bem chateado com isso. O maldito coração voltou a pulsar fortemente ali. Fui pra casa e puxei assunto com ela pelo whatsapp. Nesse momento ela virou o cão. Xingou minha mãe, minha irmã e terceira geração de vagabundas. Me chamou de jeca, pobre, feio e raio que o parta. Eu nunca fiquei tão decepcionado na minha vida. Fiquei nervoso e não poupei palavras para ofende-la também. Falei bobagens e depois descobri que não era ela do outro lado. Eram as amigas piriguetes com o celular dela. Mesmo assim continuei. Pra mim ela tava junto, mas não tava.

Qualquer hipótese de voltar se acabou nesse dia. Conheci muitas meninas depois dela, muitas muito especiais, mas nenhuma me fez sentir de novo tanta adrenalina, tanta vontade de estar perto. Como pode um amor não ser esquecido?

– Renato Gomes

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