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ACONTECEU COMIGO #78
jun
07
2016

aconteceu-comigo1

Oi Gi, tudo bem?

Reparei que a maioria dos “causos” do “Aconteceu Comigo” é sobre os amores e desamores da vida.
Como todo mundo, desse tema tenho também um punhado de histórias. Mas, justamente por já haver muitas dessas por aqui, vou contar algo diferente – e que de tão diferente rodou pelas bocas de muita gente na cidade onde moro.

Eu procuro não comentar a esmo o que procuro fazer de bom porquê, caso contrário, perde o tom de bondade e passa a ser vaidade. Contudo, esse caso específico é tão ímpar que merece ser compartilhado.

Trabalho numa espécie de “Poupa Tempo” municipal conhecida como “Atende Fácil” e numa tarde qualquer de 2014, antes do fatídico 7×1, já perto do fim do expediente, atendi um casal de idosos que me questionaram se podiam deixar atrasar a parcela do IPTU para cobrir as mensalidades já atrasadas de água e luz, dado o risco de corte dos serviços. No fim, a senhora concluiu dizendo que eles estavam, inclusive, passando fome.

Por mais idiota que possa parecer, fui educada na base do “não faça com os outros o que não quer que façam com você”. Logo, eu me coloco muito no lugar dos outros. Como já passei diversas dificuldades financeiras – fome, inclusive -, eu não me importo em ajudar quem quer que seja.

Pedi que ela listasse o que precisava com mais urgência, sempre perguntando se havia alguma preferência. E tinha. O leite precisava ser Shefa Integral, o danone só Activia de ameixa, carne só contra filé, arroz só Prato Fino, e sabonete glicerinado. Sinceramente não achei isso tão absurdo, afinal são pessoa já com certa idade. Minha mãe nem é idosa ainda e tem diversas limitações alimentícias – até já precisou usar o tal sabonete com glicerina durante o tratamento do câncer.

Fora isso ela pediu mais algumas coisas, mas não especificou mais nada. Comprei tudo no sábado e depois de três tentativas frustradas de encontrá-los em casa consegui entregar no domingo à noite. Agradeceram, pediram pra Deus me abençoar (o que é o mais importante), mas não me convidaram pra entrar nem pra ajudar a carregar as coisas.

A comédia começa agora. Na segunda-feira, quando voltei do meu almoço, a surpresa: eles haviam devolvido algumas coisas. Sim, você leu direito. E não, eu jamais compraria algo de má qualidade só porque a pessoa é pobre. Comprei tendo como exemplo – advinha – a mim. Logo, doei a pasta de dentes que eu uso (Oral B), e devolveram porque só usam Colgate. Devolveram o sabonete também, porque além de ter glicerina, tem que ser o de caixinha (Granado). Devolveram o açúcar Mais Doce porque só usam União. E um detalhe: devolveram apenas um saco de açúcar dos dois que doei.

Lógico que a história correu mais que o Bolt, e virei a piada do final do expediente.
Tem fase na vida da gente que contando ninguém acredita.
2014 foi um ano tão zicado, mas tão zicado, que até boa ação saiu pela culatra.

Claro que não deixei de ajudar quem me pediu ajuda depois, porque o mundo tá precisando – e muito – de ajuda. Cada um responde por si, e eu vou responder pelo bem que tentei fazer. Eles que respondam pela má fé.
Só resta rir mesmo…

– Mariana Stein

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